sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Livro "Liceu de Macau 1893-1999"

Na próxima semana (dia 27 Outubro) faz 3 anos que foi o lançamento do livro "Liceu de Macau 1893-1999" na Casa de Macau em Lisboa; uma edição de 1000 exemplares quase esgotada e à venda nos seguintes locais. Todo o mundo: internet (é só pesquisar...), Portugal: Casa de Macau, Delegação do Turismo; Museu do Oriente; Macau: Livraria Portuguesa. Para comemorar a ocasião, uma imagem inédita dos anos 60 do século XX...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Henrique Senna Fernandes (1923-2010)

Henrique Senna Fernandes foi aluno e professor do Liceu Nacional Infante D. Henrique. Morreu a 4 de Outubro de 2010 na sua terra Natal, Macau, que tanto amava. Fica para sempre a memória de um homem bom, que também foi advogado e escritor.
Nos meus tempos de Macau (1984-1991) foram raras as vezes em que se proporcionou o convívio; vim a 'conhecê-lo', anos mais tarde, já em Portugal, através dos seus livros. No blog Macau Antigo coloquei um conjunto de artigos em jeito de homenagem. Neste espaço vou 'dar voz' ao um antigo aluno seu, Luís Machado, num artigo que ele escreveu para o Jornal Tribuna de Macau de 6 de Outubro de 2010, com o título "Ao meu grande Mestre Henrique!"

Década de 1970

Ver partir um amigo é algo que desde logo nos faz sentir uma dor na alma! Assemelha-se ao ficarmos na gare da estação da vida, em pé e estáticos sem podermos fazer nada para impedir que pare aquela máquina poderosa que nos leva os entes queridos e a todos para outras paragens e estações da nossa vida.
Não gostaria de tornar estas linhas tristes e enfadonhas com sentimentos pesarosos e necrófagos, com lamentos e lágrimas, mas sim pelo contrário contar-vos o que sempre representou para nós macaenses este nosso amigo Henrique.
Tive o privilégio de conviver com ele nos últimos 30 anos da sua vida e de aprender muitas lições, daquelas que não se aprendem nem nas Universidades! A chamada escola da vida!
Foi nosso Mestre de História no Liceu Nacional Infante D. Henrique, nos anos 70 do século passado, na altura já era o Director da Escola Comercial (onde hoje em dia se situa a Escola Portuguesa), estava lá por substituição ao que julgo, por uma das professoras ter de acompanhar o seu marido que era militar e terminar a comissão de serviço no então território.
Ensinou-nos a estudar com prazer a disciplina que para muitos não passava de uma grande chatice ou mesmo um mero suporífero! Ele empolgava-nos com as suas discrições das guerras, das invasões francesas, até mesmo da pormenorizada escalpelização ou discrição anatómica da estatua da Deusa Venus de Milos que de facto nunca ouvi tão perfeita e tão rigorosa apresentação!
Antes de terminarem estas aulas que para nós eram melhores do que sessões de cinema nos Teatros Apolo, Nam Van, Vitoria , Imperio ou Lido, chamava o aluno que estivesse mais perto de si, dava-lhe uma nota e despachava-o a comprar aqueles fritos que se vendiam à porta do Liceu, os "van tans", "yao yus", etc. um grande saco para toda a turma, pois tínhamo-nos portado condignamente.
Era um grande compincha e sabia como ninguém lidar com as crianças que nos éramos. Mas o seu dom principal era o de saber-nos transmitir os seus vastos conhecimentos.
Mais tarde voltei a reencontrar o meu Mestre Henrique, na Rádio Macau!
Gravei muitas horas com as suas crónicas, que nos eram relatadas em encontros mensais de uma hora nos estúdios, e depois passadas em episódios de 10 minutos, ainda hoje guardo com imenso carinho este material... quem sabe um dia destes o voltemos a ouvir.
Tinha um imenso espírito de humor e de presença. Era um critico assumido mas amava mais do que ninguem a sua terra. A sua Macau foi e sera sempre a sua maior amante!
Aprendi e reconheço-o publicamente a amar Macau através dos seus livros, Contos de Nam Van, Trança feiticeira, Amor e Dedinhos de Pé, enfim uma trilogia que penso ser obrigatória e referência na literatura portuguesa. Recomendo vivamente a quem ainda não conheça a sua obra que se debruce sobre ela pois ficará a conhecer muito melhor esta terra do Santo Nome de Deus.
Lamento que não tenha conseguido terminar o "Pai das Orquídeas" mas talvez o seu filho Miguel o consiga fazer, entrando na pele do seu Pai e compincha como ele o referiu! Isso é de facto importante: o Dr. Henrique era mais do que um Pai tradicional, era um amigo, um panguiao, por outras palavras mais terra a terra, "um gajo Porreiro"!
Os seus estudos em Coimbra foram sempre acompanhados de grandes farras ...e porque não, mas de muitas noites de sabatinas! Não fosse o seu amigo Carlos e o curso tinha ido pelo Rio Mondego abaixo, com a capa de estudante e tudo! Mas para isso é que servem os amigos, para nos darem as mãos quando mais precisamos deles, ou não será!?
Decano dos Advogados, era uma referência, personalidade simpática cordata de muito bom trato e educação, sempre na moda, um verdadeiro "dandy" na elegância e cortes ingleses, não se permitia vestir qualquer coisa, era um homem distinto, por outras palavras!
Cultivava o bom gosto e tinha uma característica única que não mais o vou esquecer quando abrir uma garrafa de whisky escocês sempre do melhor e mais antigo de preferência! Fazia uma praxe ou seja dava de beber as almas do inferno em primeiro lugar para que nós depois pudessemos partilhar a amizade eterna cá na terra! Passava pela cara depois de embebidas as suas mãos no líquido e entornava para o chão depois de bem abanada a garrafa um pouco daquele liquido precioso!
É mesmo isso que hoje vou fazer, Sir Henry que a sua viagem para o além seja sem sobressaltos e que continue a espalhar a sabedoria e o seu amor por todos onde quer que se encontre. E agora um grande abraço quando a sua imagem se vai esfumando no cais da vida à medida que o trem avança para longe desta minha estação.
ATÉ SEMPRE MESTRE HENRIQUE DE SENNA FERNANDES!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Início da década de 1970

No início da década de 1970 dois edifícios destacavam-se nesta zona da Praia Grande, junto ao início do Porto Exterior: o edifício do Liceu Nacional Infante D. Henrique (à esquerda) e o hotel Lisboa.